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Assentos reservados a idosos.
Assentos reservados a idosos.

DESCULPE, MAS PRECISO SENTAR!

 

Esta obra nasce da indignação do autor em presenciar por muito tempo uma atitude que não muda, uma atitude egoísta de jovens e adultos que possuem saúde e força, mas não são sensibilizados com o cansaço e dor dos mais idosos, não dando lugar para eles sentarem-se nos trens. Além disso, passo a expor também que nós, seres humanos, que temos como princípio de sobrevivência a sociedade, estamos nos tornando cada vez mais individualistas, e observo isso no dia a dia, nas atitudes das pessoas na rua, nos transportes, enfim, caminhando cada vez mais a um ostracismo. Grandes exemplos disso são, em um transporte cheio, no horário de pico, pessoas com bolsas nas costas, outras com o som preferido alto para todos serem obrigados a ouvir o que ela gosta, outros segurando a porta, uns ainda se aproveitando com mãos bobas ou mesmo se esfregando nas mulheres. Bom, exemplos, ou melhor, maus e exemplos infelizmente não faltam.

Referente ao assento de uso preferencial existe uma lei específica (o que acho também um absurdo, pois deveria ser algo do senso comum, educação latente, magnanimidade de cada pessoa), assegurando o direito do idoso e de pessoas com mobilidade reduzida. Na prática não é o que acontece, talvez por falta de uma fiscalização mais rigorosa (já que existe a lei, façam-na cumprir) ou simplesmente mais sensibilidade humana dos usuários que estão à volta da situação.

De onde vem este problema social do individualismo, já que um não combina com o outro? Qual a raiz desse comportamento que prejudica o próximo sem se importar? Porque não damos os direitos do próximo e cobramos os nossos? Estas são perguntas que espero levar a cada leitor a refletir e chegarmos juntos a uma explicação, mas na verdade eu quero mais, quero não só encontrar as respostas a essas perguntas, mas gostaria de encontrar as soluções possíveis para que a atitude mude, afinal, penso no meu pai de idade, penso na minha esposa quando grávida, penso, porque não, no meu próprio futuro, posso ser eu a estar com mobilidade reduzida ou, com a graça de Deus, chegar a viver muitos anos e sinceramente espero que esse problema esteja resolvido. Conto com a educação de cada leitor jovem, adulto, que cada criança seja educada para no futuro não continuar nesse círculo vicioso de simplesmente ignorar o próximo em suas necessidades.

Com o intuito acima descrito, passo a ilustrar situações por mim presenciadas para juntos refletirmos acerca da análise de três visões: A das testemunhas que presenciam o fato, a da pessoa que está sentada e a da pessoa que necessita sentar-se.

Boa leitura!

  

 

 

Para uma melhor leitura, saiba que todos os fatos aqui descritos são reais, presenciados por mim ou relatados por algum colega ou amigo. Dê asas a sua imaginação e ilustre, enxergue... Mais que isso, viva, sinta a situação e faça sua análise surtir efeito, afinal, para melhorar, depende de nós.

 

Situação 01.

 

Uma senhora negra, obesa e de idade avançada necessita ir ao médico e está acompanhada pelo seu filho e neto. Aparenta ter uns 65 a 70 anos e uns 90 kilos. Com seus 1 m e 60 aproximadamente, percebe-se que a obesidade a atrapalha, além de uma suposta enfermidade e idade. Como para tudo temos horário, provavelmente ela estava com consulta marcada para as 8h da manhã, afinal, não é por hobby que se pega um trem lotado logo cedo e nós que fazemos uso desse transporte sabemos bem o que é o trem nos horários de pico, tanto da manhã quanto da tarde.

Agora imagine essa senhora, com suas pernas inchadas, cheias de dolorosas varizes, sendo apertada por todos os lados por pessoas que precisam estar ali para seguir para os seus trabalhos, segurando a bolsa com seus pertences em um braço e a outra mão segurando na barra de apoio próximo a porta. Seus olhos caídos falavam de dor, de sofrimento físico, falavam de cansaço. Sua pele surrada revelava o tempo passado dos anos vividos.

 Há menos de cinco centímetros dela estava o assento, com uma jovem muito bonita, a qual a senhora olhava com aqueles olhos pedindo piedade para que ela cedesse o lugar e assim pudesse dar descanso ao seu pesado corpo. Mas veja só, existem coisas mais importantes que perceber o sofrimento dos outros, como por exemplo, o que essa jovem fazia, que era passar maquiagem em seu belo rosto. Nesta observação pude notar a troca de olhares entre os presentes, inclusive a jovem mesmo, olhava para a senhora, olhava para os outros presentes ao seu lado e continuava a maquiar-se, com grande indiferença para a senhora ou para o que poderiam estar pensando as outras pessoas. Ouvem-se murmúrios de indignação por parte dos presentes, mas como exigir de uma pessoa que se levante e ceda seu lugar? Afinal, aquele assento não era reservado, ela que se vire, certo? Mas houve um alívio! Oh! Alguém deu lugar! Ah não, acho que me equivoquei, não cederam o lugar, apenas chegaram ao seu destino e surgiu um lugar para a senhora sentar-se, mas enquanto ela se esforçava para chegar ao lugar vago, coisa de dois metros mais ou menos, outras pessoas já tentavam sentar na frente dela, até que seu filho pediu que as pessoas deixassem sua mãe sentar. Será que não tinham percebido ainda a cena? Afinal já havia passado uns 20 minutos que ela estava ali naquela situação. Finalmente a senhora havia conseguido sentar-se, mas há essa altura... Não passaram cinco minutos e já se levantava de novo, com toda a sua dificuldade e desembarcou, havia chegado à estação onde desceria e seguiria seu destino... A vida de todos continuou inalterada, incomodando apenas a alguns poucos observadores que, como eu, não pudemos fazer nada a não ser indignarmos.

Gostou do que leu? Aguarde a publicação do livro "Desculpe, mas preciso sentar" do Autor Ailton Bologna, estudante de Psicologia.